Em humanos, os ácidos graxos das séries ômega-6 (n-6) e ômega-3 (n-3) são importantes para manter sob condições normais as membranas celulares, as funções cerebrais e a transmissão de impulsos nervosos.
Os ácidos linoleico e alfalinolênico são ácidos graxos essenciais, ou seja, o nosso corpo não é capaz de sintetizá-los e temos que obtê-los por meio da alimentação. A partir desses dois ácidos graxos é possível sintetizar os demais ácidos graxos das séries ômega-6 e ômega-3, os quais também podem ser obtidos através da dieta e apresentam importante valor nutricional. Esses são classificados como ácidos graxos poliinsaturados.
Os ácidos graxos ω-3 e ω-6 não podem ser sintetizados pelo organismo pela falta das enzimas dessaturases delta-12 e 15, as quais são necessárias para a inserção de uma ligação dupla nas posições dos ácidos ômega-6 e 3. Sua metabolização é realizada em diversas rotas, as quais incluem beta-oxidação na mitocôndria para gerar energia, inúmeras dessaturações alternadas e elongações na cadeia principal, e ainda, incorporação de glicerolipídeos.
A imagem mostra as possíveis rotas dos ácidos graxos ω-3 e ω-3. PG1, PG2 e PG3 são as séries 1,2 e 3 das prostaglandinas; LT4 e LT5 são as séries 4 e 5 de leucotrienos.
Observações:
Prostaglandinas: Lipídios que não desempenham funções estruturais, mas são importantes componentes em vários processos metabólicos e de comunicação intercelular. São removidos hidrogênios do ácido linoléico. O ácido araquidônico livre é convertido a prostaglandinas pela ação da enzima ciclooxigenase, que adiciona oxigênios ao ácido araquidônico e promove a sua ciclização. O ácido araquidônico é estocado no organismo sob a forma de fosfolipídios em membranas. Sob certos estímulos, o ácido araquidônico é liberado do lipídio de estocagem e é convertido em prostaglandinas pela enzima fosfolipase A2. Assim, as prostaglandinas iniciam o processo inflamatório.
Leucotrienos: A maioria é produzida pela via 5lipoxigenase (presente nos basófilos, leucócitos polimorfonucleares, macrófagos e mastócitos).
No nosso organismo, o ácido alfa-linolênico pode ser convertido em ácido eicosapentaenóico e docosahexaenóico. Da mesma maneira, ácido linoléico dietético é convertido via γ-linolênico em ácido araquidônico. Para isso, é introduzida uma dupla ligação no carbono de posição 9 ou 7, a qual é catalisada pela enzima ∆9-dessaturase(enzima presente em plantas e animais). Essas conversões são necessárias para que esses ácidos possam exercem suas determinadas funções.
Animais alimentados com dieta livre de gordura ou dietas com gordura completamente saturada, acumulam ácidos graxos poliinsaturados das séries ω -7 e ω -9, os quais podem ser rapidamente substituídos por ω-3 e ω-6 se forem suplementados na dieta. Entretanto, as famílias de ácidos graxos poliinsaturados ω -9, ω -6 e ω -3 não são metabolicamente convertíveis em mamíferos. Nessas reações, acredita-se que a tanto o ácido linoléico quanto o α-linolênico são metabolizados pela mesma enzima, e ainda, que diferentes ácidos graxos competem pela mesma enzima. A enzima limitante das reações é a ∆6-dessaturase, que tem preferência pelo substrato na ordem α-linolênico, ácido linoléico e por último, ácido oléico. Estudos prévios têm demonstrado que AG (ácidos graxos) dietéticos e PUFAs (ácidos graxos poliinsaturados) não são incorporados apenas aos tecidos de depósito dos animais, mas também aos tecidos ricos em fosfolipídios, que refletem o perfil de AG dietético. Alterações da dessaturação celular e de reações de acilação podem modificar a composição de AGs da membrana fosfolipídica .
Os ácidos graxos essenciais, ácidos graxos poliinsaturados, ácidos graxos monoinsaturados e ácidos graxos saturados são responsáveis pela síntese de fosfolipídios, os quais são essenciais para formação e funcionamento normal das membranas celulares e sub-celulares. A função celular é diretamente associada com a forma da membrana,ou seja, qualquer mudança na composição de AG fosfolipídicos da membrana, por menor que seja, pode modular a função desta pela alteração da fluidez e permeabilidade, implicando em todo funcionamento celular.
Principalmente pela competição com o ácido linoléico pela enzima ∆6, os lipídeos dietéticos enriquecidos com AG ω -3 ou AG-trans podem suprimir a formação de ácido araquidônico.
A suplementação de lipídeos dietéticos em aves pode manipular a composição lipídica e o metabolismo da gema, do embrião e cérebro. Dessa forma, a utilização metabólica de um tipo de AG será influenciada pelo total de gordura dietética, quantidade, tipo e frações de ácidos graxos essenciais. Quando a suplementação de ácido linoléico é deficiente na dieta de aves, aspectos como produção de ovos, crescimento e mortalidade durante a incubação, são afetados.
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