sexta-feira, 20 de maio de 2011

Colesterol e sua Biossíntese

 

Hoje vou começar com uma introdução ao que é o colesterol para depois falar sobre a sua biossíntese.
O colesterol é um álcool policíclico de cadeia longa, formado por 4 anéis de hidrocarboneto ligados a uma cauda de hidrocarbonetos em uma ponta e um grupo hidroxila na outra, que é o grupo polar da cabeça. Sua fórmula estrutural é C27H46O.

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Cholesterol.svgCholesterol-3d.png

 

Ele é classificado como esterol, um tipo de lipídeo estrutural de membrana, sendo um lipídeo anfipático, ou seja, uma extremidade da sua molécula é hidrofóbica e a outra é hidrofílica, como vimos na imagem anterior. Por ser uma molécula praticamente hidrofóbica, o colesterol é insolúvel no sangue. Quando a gordura atinge o intestino, ela é digerida por enzimas hidrolíticas e seu transporte é feito por lipoproteínas ,como LDL e HDL, para os outros tecidos do corpo por meio do fluxo sangüíneo. O colesterol aumenta a rigidez da membrana e influencia na sua permeabilidade. Além disso, o colesterol é também um precursor da síntese de hormônios esteróides, ácidos biliares e vitamina D. Ele encontra-se presente, em grande quantidade, em células do fígado, da medula espinhal e do cérebro. A maior parte do colesterol (75%) é sintetizado endogenamente e a outra parte (25%) é obtida por meio da dieta. Endogenamente, ele é formado a partir de acetil-CoA usando NADPH como reagente redutor. Isso acontece principalmente no fígado, nos rins e no córtex das glândulas adrenais. Na dieta ele é encontrado nas gorduras animais e suas principais fontes são: carne, ovo e leite e derivados. É importante lembrar que mesmo com uma dieta vegetariana, o colesterol pode ser sintetizado no organismo humano em grandes quantidades.

Principais lipoproteínas que transportam o colesterol:image

LDL – Low Density Lipoprotein : É a lipoproteína de baixa densidade que transposta colesterol e triglicerídeos do fígado e do intestino delgado para as células e tecidos do corpo. É conhecida como “colesterol ruim” pois em alta quantidade é o principal causador da aterosclerose, podendo causar infarto e AVC.

Níveis de colesterol LDL de um homem em jejum relacionados ao risco de doenças cardíacas:

Nível mg/dL Nível mmol/L                                       Interpretação
<100

<2,6

Nível ideal de colesterol LDL, correspondente a risco diminuído de doença cardíaca
100 a 129 2,6 a 3,3 Nível próximo ao ideal
130 a 159

3,3 a 4,1

Nível limítrofe

160 a 189

4,1 a 4,9

Nível alto de LDL

>190

>4,9

Nível muito alto de LDL, correspondendo a um risco maior de doenças cardíacas

HDL – High Density Lipoprotein : É a lipoproteína de baixa densidade que transporta colesterol dos tecidos do corpo ao fígado – transporte reverso do colesterol, que diminui a quantidade de colesterol na corrente sanguínea e nas células, diminuindo então o risco de doenças cardiovasculares. É conhecido como “colesterol bom”.

Níveis de HDL de um homem em jejum relacionados ao risco de doenças cardíacas:

Nível mg/dL Nível mmol/L

                            Interpretação

<40 (homens), <50 (mulheres)

<1,03

Baixo nível de colesterol HDL,risco aumentado de doença cardíaca
40–59 (homens), 50-59 (mulheres) 1,03–1,52 Nível médio de HDL
>60 >1,55 Alto nível de HDL, condição ideal para proteção contra doenças cardíacas

 

 

UMA VIAGEM RÁPIDA AO MUNDO DO COLESTEROL:

 

BIOSSÍNTESE DO COLESTEROL:

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O colesterol é formado a partir do acetil-CoA em 4 etapas:

Etapa 1 - Síntese de mevalonato a partir de acetato:
Duas moléculas de acetil-CoA condensam-se para formar acetoacetil-CoA, que se condensa com uma terceira molécula de acetil-CoA, gerando o composto de 6 carbonos HMG-CoA. As duas primeiras reações são pela tiolase e pela HMG-CoA-sintetase. A terceira reação é a redução de HMG-CoA em mevalonato, para o qual cada uma das duas moléculas de NADPH doa dois elétron.
obs: A HMG-CoA-redutase, uma proteína integral da membrana do retículo endoplasmático liso, é o principal ponto de regulação da via do colesterol.

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          ACETATO                                    COLESTEROL

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Etapa 2 – Conversão de mevalonato em dois isoprnos ativados:
Três grupos fosfato são transferidos de três moléculas de ATP para o mevalonato. O fosfato ligado ao grupo hidroxil do mevalonato é um bom grupo de saída; na próxima etapa, tanto esse fosfato quando o grupo carboxil vizinho saem, produzindo uma ligação dupla no produto cinco carbonos, isopentenil-pirofosfato. Este é o primeiro dos dois isoprenos ativados centrais para a formação do colesterol. A isomerização do isopentenil-pirofosfato gera o segundo isopreno ativado, o dimetil-pirofosfato.

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              ISOPRENO

 

Etapa 3 – Condensação de seis unidades de isopreno ativadas para formar esqualeno:
O isopentenil-pirofosfato e o dimetilalil-pirofosfato sofrem uma condensação em que um grupo pirofosfato é deslocado, sendo formada uma cadeia de 10 carbonos, o geranil-pirofosfato. O geranil-pirofosfato sofre outra condensação com o isopentenil-pirofosfato, gerando um intermediário de 15 carbonos, o farnesil-pirofosfato, que se liga a outra molécula de farnesil-pirofosfato com eliminação dos grupos pirofosfatos e formação do esqualeno.

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                  ESQUALENO

 

Etapa 4 – Conversão do esqualeno no núcleo esteroide de quatro anéis:
O esqualeno sofre oxidação e ciclização gerando lanosterol. O lanosterol (30C) é convertido em colesterol (27C) após 20 reações, que incluem a migração e remoção de alguns grupos metil.

A síntese endógena do colesterol ocorre no citossol e no retículo endoplasmático e é uma via redutora que consome grande quantidade de energia.