sexta-feira, 8 de julho de 2011
Respostas Watch N' Ask
sábado, 2 de julho de 2011
Colesterol e a Vitamina D
quinta-feira, 30 de junho de 2011
Lipoproteínas
As lipoproteínas permitem a solubilização e o transporte dos lipídeos, os quais também estão presentes em sua composição. Além dos lipídeos, as lipoproteínas são compostas por proteínas denominadas apolipoproteínas (apos). Uma das funções das apos funções no metabolismo das lipoproteínas é a formação intracelular das partículas lipoprotéicas, como é o caso das apos B100 e B48. Algumas funcionam como ligantes a receptores de membrana como as apos B100 e E, e outras como co-fatores enzimáticos, como as apos CII, CIII e AI.
As lipoproteínas constituem quatro grandes classes, divididas em dois grupos. O primeiro grupo é formado pelas lipoproteínas chamadas quilomícrons, que são ricas em triglicerídeos, são maiores e menos densas e são de origem intestinal; também faz parte desse grupo as VLDL, lipoproteínas de muito baixa densidade e que têm origem hepática. O outro grupo é constituído pelas lipoproteínas ricas em colesterol: as que possuem baixa densidade (LDL) e as que possuem alta densidade (HDL). Existe ainda outra classe de lipoproteínas de densidade intermediária (IDL) e a lipoproteína (a) [Lp (a)], a qual é formada a partir da ligação covalente de uma partícula LDL à apoproteína (a).
Os quilomícrons transportam os lipídeos vindos da dieta e da circulação entero-hepática, os quais são absorvidos pelo intestino. O conteúdo de colesterol é regulado no fígado através de três mecanismos principais: I) síntese intracelular do colesterol; II) armazenamento após esterificação; III) excreção pela bile. No lúmen do intestino, o colesterol é excretado como ácidos biliares ou na forma de metabólitos. São reabsorvidos metade do colesterol biliar e aproximadamente 95% dos ácidos biliares, os quais retornam ao fígado pelo sistema porta-hepático.
O transporte de lípideos vindos do fígado hepática se dá por meio das VLDL, IDL e LDL. Os triglicérideos presentes nas VLDL, assim como os dos quilomícrons, são hidrolisados pela lipase lipoprotéica. Esta enzima é estimulada pela apo CII e inibida pela apo CIII. Nesse processo de hidrólise, são liberados ácidos graxos livres e monoacilglicerol. Os ácidos graxos vão para os tecidos e são metabolizados. Por ação da lipase lipoprotéica, os quilomícrons e as VLDL, vão perdendo seu conteúdo de triglicerídeos, sendo assim transformados em remanescentes, os quais também são removidos pelo fígado por receptores específicos.
Uma parte das VLDL dá origem às IDL, que são removidas rapidamente do plasma. Continua o processo catabólico, o qual envolve agora a ação da lipase hepática e traz como resultado as LDL, que permanecem durante bastante tempo no plasma. Esta lipoproteína contém apenas um conteúdo residual de triglicerídeos, sendo composta principalmente por colesterol e uma única apolipoproteína, a apo B100.
As LDL são removidas pelo fígado através dos receptores B/E. A expressão desses receptores é a principal responsável pelo nível de colesterol no sangue e depende da atividade da enzima hidroxi-metil-glutaril (HMG) CoA redutase. Esta última é a enzima intracelular essencial para síntese do colesterol hepático. Dentro das células, o colesterol livre é esterificado por ação da enzima acil colesterol-acil transferase (ACAT), com o objetivo de ser estocado para depósito.
Por meio da proteína de transferência de colesterol esterificado, as VLDL trocam seus triglicerídeos por ésteres de colesterol com as HDL e LDL. As partículas de HDL são formadas no fígado, no intestino e na circulação e é composta principalmente por proteínas, em especial as apos A1 e A2. O colesterol livre da HDL, que vem das membranas celulares, é esterificado por ação da lecitina-colesterol-aciltransferase (LCAT), a qual possui a apo A1 como co-fator enzimático. O processo de esterificação do colesterol, que ocorre principalmente nas HDL, é fundamental para sua estabilização e transporte no plasma, no centro desta partícula. A HDL realiza o transporte reverso do colesterol, ou seja, transporta o colesterol dos tecidos periférico até o fígado onde é captado pelos receptores SR-B1. Neste transporte, é importante a ação do complexo "ATP Binding Cassete" A1 (ABC-A1), o qual facilita a retirada do colesterol da célula pelas HDL. A HDL também é responsável pela remoção de lipídeos oxidados da LDL, inibição da fixação de monócitos moléculas de adesão no endotélio, contribuindo assim para a proteção dos vasos contra a aterogênese.
Deslipidemias primárias
O acúmulo de quilomícrons e/ou de VLDL no plasma resulta em hipertrigliceridemia e é resultado da diminuição da hidrólise do conteúdo de triglicérideos presente nestas lipoproteínas. Essas alterações metabólicas podem ser causadas por variantes genéticas das enzimas ou apolipoproteínas relacionadas a estas lipoproteínas.
O acúmulo de lipoproteínas ricas em colesterol como a LDL no compartimento plasmático acarreta em hipercolesterolemia. Este acúmulo pode ocorrer devido a doenças monogênicas, em particular, por defeito no gene do receptor de LDL ou no gene da apo B100. Uma série de mutações do receptor de LDL foi detectada em portadores de hipercolesterolemia familiar, sendo que algumas causaram redução de sua expressão na membrana e outras, deformações na sua estrutura e função. Mutação no gene que codifica a apo B100 pode causar deficiência na anexação da LDL ao receptor celular, causando assim hipercolesterolemia através da deficiência no acoplamento da LDL ao receptor celular. O mais comum é a ocorrência de hipercolesterolemias poligênicas, resultado de mutações em múltiplos genes envolvidos no metabolismo lipídico. Nestes casos, a interação entre fatores genéticos e ambientais determina o fenótipo do perfil lipídico.
terça-feira, 28 de junho de 2011
A Dieta dos Esquimós
domingo, 12 de junho de 2011
A Importância do Colesterol
Hipercolesterolemia
Lovastatina |
Ácido Nicotínico (Vitamina B3) também é bem vindo para o tratamento de hipercolesterolemia, pois ele é capaz de diminuir a concentração de VLDL, o que acaba por reduzir a concentração de LDL e aumentar a concentração de HDL. O uso de “seqüestradores” de ácido biliar é outra forma de tratamento bastante eficaz que são resinas de troca iônica. Como o colesterol é o precursor dos sais biliares e, quantitativamente, esta conversão é a mais importante via de excreção do colesterol nos mamíferos. Os sais biliares são sintetizados pelo fígado e secretados no duodeno, onde atuam como agentes emulsificantes dos lipídeos, importante para a absorção destes, mas também são essenciais para a solubilização do material lipídico hidrolisado (formação de micelas) crucial para a absorção. Um eficiente sistema de reciclagem desses sais propicia o seu retorno ao fígado (cerca de 95%). Essa reciclagem pode ser quebrada pela utilização dos “sequestradores” (resina+ Cl- a qual troca Cl- por sais biliares-), colestiramina ou hidrocloreto de colestipol, e assim mais colesterol do fígado e das LDL é desviado para produzir um complexo resina-sal biliar não absorvivel que é facilmente eliminado nas fezes.
domingo, 5 de junho de 2011
Deslipidemia
As principais causas da deslipidemia são a ingestão de uma dieta rica em gorduras, o aumento de produção de colesterol e triglicerídeos pelo o organismo, ou ambas as coisas, ou seja, estar com o aumento de peso,ser sedentário, possuir uma dieta inadequada podem influenciar no surgimento da deslipidemia. Outro fator, que não se relaciona com os citados acima e a genética, existem pessoa que possuem uma genética favorável para o surgimento de determinadas doenças,como a deslipidemia.
Como colesterol e triglicerídeos altos não provocam sintomas visíveis nas pessoas, deve-se realizar exames de sangue para saber os níveis dessas gorduras no sangue,ajudando a prevenir doenças como infarto, derrames e outras.A deslipidemia se trata a partir de uma mudança no estilo de vida como seguir uma dieta balanceada, praticar exercícios físicos,manter um peso adequado,não fumar e reduzir a ingestão de carboidratos.
Referencia: www.institutoprocardiaco.com.br
sábado, 4 de junho de 2011
Mais sobre ômega 6 e ômega 3
As famílias de ácidos graxos ômega-3 (w-3 ou n-3) e ômega-6 (w-6 ou n-6) são constituídas por ácidos graxos poliinsaturados (PUFAs) contendo de 18 a 22 carbonos. A denominação ômega tem relação com a posição da primeira dupla ligação, começando a contar a partir do carbono metil no final da molécula do respectivo ácido graxo. Nos ácidos graxos n-3 a primeira dupla ligação encontra-se entre o terceiro e o quarto átomo de carbono, enquanto nos ácidos graxos n-6 a primeira dupla ligação localiza-se entre o sexto e o sétimo átomo de carbono. O ácido α-linolênico (ALA), o eicosapentaenóico (EPA) e o docosahexaenóico (DHA) são os principais ácidos graxos da família n-3, enquanto dentre os principais da família n-6 destacam-se o ácido linoléico (LA) e o araquidônico (AA). Os ácidos EPA, DHA e AA são sintetizados a partir do ALA e do LA.
Os ácidos graxos são responsáveis pelo depósito de energia e pela conformação das membranas celulares, além de serem também precursores dos eicosanóides prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos. As propriedades físicas e químicas dos PUFAs são determinadas pelo número e a posição das duplas ligações, o que confere diferentes atuações fisiológicas em nosso organismo no que se diz respeito às famílias n-6 e n-3. Essas famílias atuam em conjunto na regulação dos processos biológicos.
A carne de peixe é um alimento funcional, ou seja, possui propriedades de prevenção ou redução dos sintomas de algumas doenças, além de possuir também os nutrientes básicos. Ela possui um considerável conteúdo de EPA e DHA, que são ácidos graxos altamente insaturados. Esses ácidos graxos provocam efeitos fisiológicos em nosso organismo tais como: prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares, hipertensão, vários tipos de câncer e inflamações.
Os efeitos fisiológicos provocados por esses ácidos graxos atribuem ao peixe e ao óleo de peixe o “status” de um alimento poderoso no que se diz respeito à proteção à saúde humana. Dentro do organismo, esses PUFAs são incorporados no interior da membrana celular, influindo em sua permeabilidade e atuando nas funções de receptor, na atividade enzimática, citoquinas e na produção de eicosanóides.
O ácido linoléico e o ácido α-linolênico podem ser alongados e dessaturados pelo sistema enzimático para os eicosanóides, já que suas duplas ligações não podem ser produzidas pelo nosso organismo. Na figura 1, podemos ver que os n-6 dão origem aos eicosanóides das séries 2 e 4, enquanto os n-3 geram eicosanóides das séries 3 e 5. O efeito fisiológico dos eicosanóides pode ser diferente no organismo dependendo de sua procedência. O ácido linoléico é convertido em ácido γ-linolênico (GLA) e AA, e o ácido α-linolênico é convertido em EPA e em DHA. Porém, em humanos a taxa de conversão é muito baixa, e é menor ainda quando a quantidade de ácido linoléico aumenta, já que ambos os substratos competem pelo mesmo sistema enzimático.
O ácido araquidônico é obtido através de fosfolipídios de reserva do organismo, da dieta e pelo processo de alongamento e dessaturação do ácido linoléico, o qual é encontrado nos alimentos e é oxidado na presença da enzima lipoxigenase ou cicloxigenase. Essas enzimas o convertem em peróxidos lineais ou cíclicos (endoperóxidos). Dentro das plaquetas, um peróxido cíclico é transformado em tromboxano-TXA2 e no endotélio dos vasos sanguíneos, transforma-se em prostaciclina PGI2 e diversas protaglandinas.
Gorduras vegetais que contenham grandes quantidades de n-6 não devem ser ingeridas excessivamente e constantemente em uma dieta, pois pode acarretaras na produção excessiva de eicosanóides e peróxidos da série Leucotrienos4, PGI2 e TXA2. Um indivíduo saudável possui quantidades extremamente baixas de eicosanóides sendo produzidas, sendo que em indivíduos cujos tecidos encontram-se alterados e em condições patológicas grandes quantidades são sintetizadas. Essas condições patológicas incluem: inflamações, artrites, hemorragias, lesões vasculares, entre outras. Tais fenômenos têm relação com as prostaglandinas, leucotrienos, tromboxanos e radicais livres dos peróxidos. No organismo, o tromboxano estimula a agregação das plaquetas e a prostaciclina inibe-a, espalhando os agregados já formados. Um déficit de prostaciclina pode implicar em aparecimento de escleroses.
Os PUFAs contidos na dieta diminuem a taxa de colesterol e de lipoproteínas de baixa densidade no sangue, mas, em grandes quantidades podem provocar uma produção excessiva de eicosanóides e peróxidos com maior capacidade de inibição da síntese de prostaciclina.
Dessa maneira, os ácidos graxos EPA e DHA provenientes da carne de peixe são facilmente incorporados aos fosfolipídios no lugar do ácido araquidônico e entram para o ciclo produzindo eicosanóides ou docosanóides adequados, como Leucotrienos3, PGI3, TXA3. Assim, os ácidos graxos n-3 geram pouca quantidade de peróxido se comparados ao ácido araquidônico, além de constituírem falsos substratos para a cicloxigenase, conseguindo inibir a posterior síntese de eicosanóides não adequados. O EPA inibe a síntese de prostaciclina e tromboxano, enquanto que o DHA inibe principalmente a síntese de tromboxano, o que implica no fato de o DHA ser um melhor fator antitrombótico. O tromboxano TXA3 (gerado a partir do n-3) é também um fator favorecedor da agregação plaquetária e é muito mais impotente que o tromboxano-TXA2 (gerado a partir do ácido araquidônico).
Estudos mostram que efeitos anti-trombogênicos podem ser associados ao aumento da ingestão de ácidos graxos n-3 na dieta. Um relativo aumento no conteúdo de ácido eicosapentaenóico, quando comparado ao do ácido araquidônico, poderia reduzir a tendência de agregação plaquetária, por conta do balanço entre tromboxanos e prostaciclinas e de seu efeito vasodilatador.
Os ácidos graxos n-3 são extremamente importantes para a nutrição humana, mas deve existir uma relação apropriada entre n-6 e n-3, já que um balanceamento inadequado poderia causar ou acentuar um estado de deficiência de n-3. O aumento da relação entre n-6 e n-3 teria aumentado em sociedades industrializadas, devido ao aumento do consumo de óleos vegetais fontes de ácido linoléico e diminuição do consumo de alimentos fontes de ácidos graxos n-3.
Atualmente, e ácidos graxos n-3 vêm sendo incorporados a certos alimentos. Na Europa, é comum pães e margarinas serem formulados com óleo de peixe. Além disso, é possível produzir ovos com teores elevados de DHA, desde que as galinhas sejam alimentadas com rações enriquecidas com este ácido, o que é feito geralmente a partir da adição de microalgas. A incorporação de ácidos graxos n-3, principalmente a pães, tem sido indicada como um procedimento ideal, pois o dióxido de carbono gerado enquanto o pão está assando, age como antioxidante, prevenindo assim, a oxidação dos ácidos graxos n-3 sob altas temperaturas.
ftp://ftp.sp.gov.br/ftppesca/Suarez%20mahecha.pdf
Estatinas
As estatinas são remédios farmaceuticos utilizados no tratamento da hipercolesterolemia e muitas vezes na prevenção da aterosclerose. Elas têm a estrutura de um esteróide - lipídio de cadeia complexa em que o colesterol é uma substância fundamental na sua formação.
Basicamente, as estatinas inibem a ação da enzima HMG-CoA redutase - devido à afinidade desses farmácos com o sítio ativo da enzima - que é o principal ponto de regulação da via do colesterol. Ela também é importante na formação das lipoproteínas, o que faz com que ela tenha outros efeitos. Inibindo a ação da HMG-CoA redutase, o HMG-CoA - precursor da síntese do colesterol – não consegue transformar-se em mevalonato, que é a transofrmação definidora da síntese do colesterol.
Para enterder melhor sobre essa síntese do colesterol da qual estamos falando, deem uma olhada no post da página: http://sobregorduras.blogspot.com/2011/05/colesterol.html.
Na imagem acima vemos a reação do HMG-CoA em mevalonato por meio da enzima HMG-CoA redutase.
Na imagem anterior podemos ver onde a estatina vai agir no início do processo da síntese do colesterol.
Com essa primeira reação deixando de acontecer ou acontecendo em um ritmo menor, os níveis de colesterol na corrente sanguínea diminuiem bastante, o suficiente para acabar com a hipercolesterolemia, com a aterosclerose e com várias outras doenças cardiovasculares que são influenciadas ou não pela alta taixa de colesterol.
As estatinas diminuem o nível de colesterol, LDL e VLDL no sangue, e aumentam a concentração de HLD, a lipoproteína que transporta esse colesterol dos tecidos do corpo para o fígado – processo reverso – diminuindo assim sua quantidade na corrente sanguínea. Com isso, há um aumento na expressão dos receptores de LDL.
Além disso, a estatina também tem outros efeitos, como:
- diminuem o nível de triglicerídeos – formado por um glicerol e 3 moléculas de ácidos graxos – que são conhecidos como os óleos e as gorduras
- na ateroslcerose: a estatina melhora o funcionamento do endotélio dos vasos, diminuindo assim o risco das lesões, estabilizando a placa aterosclerótica e tem efeito antitrombótico, prevenindo o possível risco de trombose pela obstrução total do vaso. Além disso, ela tem efeito anti-inflamatório, evitando as inflamações que aconteceriam por meio da resposta imunológica do organismo à entrada do LDL no interior da artéria. Para entender melhor o que é e como funciona a aterosclerose, olhem o post sobre esse tema na página: http://sobregorduras.blogspot.com/2011/06/aterosclerose.html
Existem vários tipos diferentes de estatinas e apesar de terem estruturas semelhantes, elas exercem funções diferentes no nosso organismo, por isso não devemos administrar nada sem antes ter uma recomendação e um acompanhamento médico. Elas se diferem nas suas propriedades famacocinéticas, como: no seu coeficiente de hidroficilidade, na sua via hepática de metabolização, na sua meia-vida plasmática e na eficácia na redução lipídica. Sua capacidade de interação com outras drogas que utilizam a mesma via de metabolização também é diferente para cada cada estatina.
Alguns exemplos de estatinas estão exemplificados na imagem abaixo:
No site http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?582 vocês encontrarão a evolução das estatinas no mercado, seus efeitos colaterais e se obtiveram ou não sucesso, à exemplo dos nomes dos compostos na figura acima. Quem se interessar é interessante dar uma olhada, está bem resumido e bem fácil de entender.
Para quem quiser entender melhor a farmacocinética das estatinas, tendo uma visão mais bioquímica e mais bem elaborada (é um artigo muito bom), deem uma olha no artigo da página: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2005002400003.
Outro fato interessante das estatinas é que mesmo as pessoas que não possuem colesterol alto podem diminuir ainda mais a incidência de obstruções arteriais fazendo uso das mesmas, prevenindo assim doenças cardíacas posteriores. Uma coisa boa é que as estatinas são facilmente encontradas no mercado e tem uma boa distribuição pelos países, inclusive pelo Brasil.
É importante lembrar que as estatinas são exemplos de drogas, tendo então seus riscos também. Elas podem causar problemas como:
- doenças no fígado e nas vias biliares, principalmente em pessoas sujeitas ao alcoolismo
- dores musculares
- falta de apetite, diarréias e vômitos
- problemas na pele, como: uticária, coceira e edemas
- perda de cabelo
- podem diminuir a potência masculina
- problemas no sistema nervoso
- alterações hormonais
Esses são alguns problemas dentre vários outros, por isso eu vou repetir, não façam o uso desse medicamento sem um acompanhamento médico, é de essencial importância para a manuntenção da saúde de todos nós.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Aterosclerose
A aterosclerose é umas das mais conhecidas doenças que são formadas pelo excesso de gordura no organismo. Ela é uma doença crônica e inflamatória que leva à formação de ateromas (placas compostas por lipídio - gordura) no interior de vasos sanguíneos. Esses ateromas vão se acumulando aos poucos nos vasos podendo até levar à uma obstrução total. Na medida em que o acúmulo de gordura vai aumentando, a artéria vai perdendo sua elasticidade.
Sua manifestação começa com uma lesão do endotélio vascular e essa lesão, por menor que seja, vai gerando uma inflamação na parede desse vaso. Essa inflamação acaba facilitando a penetração das moléculas de LDL, o famoso “colesterol ruim”, para o interior da artéria. Uns dos fatores que contribuem para o aparecimento dessas lesões é a hipertensão (aumenta o atrito do sangue com a parede arterial, enfraquecendo-a e deixando-a mais sujeita à lesões), a diabetes ( o excesso de glicose no sangue também está associado a formação dessas lesões), o tabagismo, o sedentarismo e a obesidade.
Quando o LDL penetra na camada íntima da artéria, o organismo começa a ter uma resposta imunológica para retirada dessas “moléculas estranhas”. Monócitos então são atraídos pelo LDL, tornando-se macrófagos para fagocitarem esses lipídios. Eles acabam transformamdo-se em células espumosas (devido à oxidação do LDL), formando a placa fibrosa típica da aterosclerose, como podemos observar na figura seguinte:
A figura mostra a evolução da placa fibrosa, que começa como uma pequena lesão, um pequeno acúmulo de gordura no interior da artéria, e termina com uma obstrução total gerada pelo aumento da placa fibrosa juntamente com uma coagulação sanguínea.
Na medida em que o processo ateromatoso vai evoluindo, outros problemas podem vir a acontecer, como um aumento da deposição de cálcio e células necróticas na parede fibrosa (formação esbranquiçada gerada pela lesão); surgimento de fissuras, ruturas e hemorragia na placa; surgimento de úlceras que pode levar à coagulação sanguínea, à obstrução total do vaso ou à trombose.
A deficiência de irrigação arterial pode causar muitos danos e até a morte de determinados órgão, podendo ser uma doença fatal.
Os sintomas mais comuns da aterosclerose são:
- cansaço e dores no corpo
- dores nos braços e nas pernas: pode ser o início de uma trombose
- fortes dores na cabeça: pode levar a um derrame (AVC) se alguma artéria que irriga o cérebro for obstruída
- dor no peito: pode levar a um infarto do miocárdio (músculo do coração)se alguma artéria que nutre o coração for obstruída totalmente
- dilatação dos vasos sanguíneos: pode levar à aneurismas
Uma maneira de prevenir a aterosclerose é buscar ter uma alimentação saudável, reduzindo a gordura da dieta para diminuir o nível de colesterol consumido e reduzindo a ingestão de sal (sódio) que evitará uma hipertensão. É importante fazer exercícios físicos, pois além de essencias para ajudar a prevenir muitas doenças cardiovasculares, eles melhoram a circulação sanguínea. Ter o controle da glicose sanguínea e evitar o tabagismo também é de tamanha importância.
Cuidem-se e lembrem-se que a aterosclerose é uma doença mais comum de aparecer quando ficamos mais velhos mas ela não deixa de aparecer em jovens, muito pelo contrário! Abusem das frutas, legumes e verduras!
domingo, 29 de maio de 2011
Os niveis de colesterol no sangue dos vegetarianos
Os agentes transportadores de colesterol no sangue sao as lipoproteinas, dentre elas estao a VLDL, LDL e HDL. A HDL, diferentemente da VLDL e LDL,não possui a apolipoproteina B-100,que é reconhecida pelos tecidos. Logo a HDL é responsavel principalmente por levar o colesterol dos tecidos para o figado, diminuindo as chances da ocorrência de aterosclerose.
Estudos sugerem que um consumo moderado de álcool provoca um aumento no HDL, favorecendo o transporte reverso do colesterol, outros tambem mostram que algumas dietas, como por exemplo a mediterrânea, colaboram para um melhor indice de colesterol bom no sangue.
Agora iremos falar do mais importante, que seria o assunto foco do post de hoje,o nivel de colesterol no sangue de pessoas vegetarianas.Algumas matérias, baseadas em estudos cientificos, indicam que indivíduos vegetarianos, possuem niveis de colesterol menores, principalmente LDL e triglicerideos, se comparados com individuos que comem carne. No Brasil, não há muitos trabalhos, que estudam os niveis de colesterol no sangue de pessoas vegetarianas, porém foi realizada uma pesquisa,com o objetivo de estudar os valores de triglicerideos,HDL,LDL e colesterol total em individuos onivoros e vegetarianos.
Foram utilizados 76 individos, sendo que destes, 22 eram onivoros e 54 vegetarianos que foram divididos da seguinte forma, 19 ovolactos,17 lactos e 18 vegetarianos restritos.Foi realizada uma coleta de sangue, as quais os voluntários deveriam estar em jejum de no minimo 12 horas.As pessoas voluntárias tiveram que responder um questionário, com relação a sexo, idade, se sao fumantes, se bebem e outras perguntas. Abaixo podemos observar o quadro de respostas.
Observamos que não há muita diferença entre os entrevistados,exceto nos onivoros, que o consumo de álcool é muito mais elevado do que nos outros.
Abaixo, a tabela nos mostra o resultado do exame.Os niveis de HDL no sangue, em todos os individuos, são muito parecidos. Já os niveis de LDL e triglicerideos, são muito diferentes, principalmente se compararmos os onivoros e os vegetarianos restriros.Com isso podemos concluir que a partir da pesquisa realizada, observamos que pessoas que se restringem a uma dieta vegetariana, possuem niveis de colesterol total, LDL e triglicerideos baixos, se comparados com os onivoros, logo possuem uma menor chance de terem doencas arteriais,já que sua dieta é mais restrita, não entrando carne tanto vermelha quanto branca, leite e seus derivados, e outros alimentos que são ricos em colesterol.
Referência *www.scielo.br (artigo:Dieta vegetariana e níveis de colesterol e triglicérides)
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Ácidos graxos poliinsaturados na dieta de gestantes e lactantes
Pesquisas recentes indicam que os ácidos graxos poliinsaturados (PUFAs) n-3 e os ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa (LC-PUFAs) são nutrientes essenciais para o desenvolvimento neonatal. O ácido docosahexaenóico (DHA) encontra-se em grande quantidade na retina e em certas áreas do cérebro e acumula-se no final do período fetal e no início do período pós-natal. Associou-se a deficiência da ingestão de ácidos graxos poliinsaturados n-3 a baixos níveis de DHA no eritrócito e nos tecidos da retina e do cérebro, e também com irregularidades na função da retina, as quais podem ser irreversíveis.
Os tecidos de um recém-nascido são capazes de sintetizar a partir do ácido α-linolênico uma quantidade bastante limitada de DHA. Através do leite materno, lactentes em aleitamento materno recebem quantidades adequadas de DHA, possibilitando que eles supram assim suas necessidades. Entretanto, em muitos países, como o Brasil, por exemplo, é comum a baixa prevalência de aleitamento materno, dado que a mãe oferece à criança leite de vaca diluído em água. O leite de vaca modificado apresenta 2% de energia na forma de ácidos graxos n-6 e 1% na forma de ácidos graxos n-3, além de conter somente os ácidos graxos α-linolênico e linoléico, apresentando ausência total de DHA. A partir disso, estudos vêm buscando comprovar as vantagens da utilização da suplementação de ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) n-3 e/ou n-6 em formulações infantis. Esse potencial melhoramento nos leites industrializados, em termos de composição de ácidos graxos os torna semelhantes ao leite humano, podendo assim desempenhar papel importante nos eventos de maturação do sistema visual.
Os lipídios dietéticos fornecem energia para as células, além de constituírem a maior reserva energética corporal para crianças e recém-nascidos. Eles são componentes estruturais de todos os tecidos e são essenciais para a síntese das membranas celulares. Sabe-se que os lipídios fornecidos na alimentação infantil constituem um fator determinante no crescimento, no desenvolvimento visual e neural, e na manutenção da saúde. Dessa maneira, a seleção do lipídio dietético durante a infância é de grande importância para o crescimento e o desenvolvimento.
Existem dois períodos durante o desenvolvimento nos quais os ácidos graxos n-3 são de extrema importância: o período fetal e o período que vai desde o nascimento até o término do desenvolvimento bioquímico completo do cérebro e da retina, o qual ocorre aos dois anos de idade em humanos. Por serem componentes estruturais das membranas dos fosfolipídeos dos tecidos do corpo, esses ácidos graxos estão presentes em níveis especialmente altos na retina e cérebro, nos quais o DHA compõe mais de 35% do total dos ácidos graxos. A fosfatidiletanolamina é um de um tipo de fosfolipídio que está presente nas membranas do cérebro e retina, na qual o DHA se encontra em maior quantidade.
Durante a gestação, são fundamentais os estoques maternos e a ingestão dietética materna de ácidos graxos n-3 para que sejam fornecidos adequadamente os ácidos graxos n-3. O DHA e todos esses outros ácidos graxos poliinsaturados, são transferidos em direção ao sangue fetal através da placenta. Além disso, os triglicerídeos armazenados no tecido adiposo materno, contendo DHA, podem ser movimentados, liberando ácidos graxos que são disponibilizados ao feto pelo transporte placentário. Foi sugerido recentemente que na placenta ocorre pouca conversão dos precursores essenciais, linoléico para o araquidônico e do linolênico para docosahexaenóico. A análise da atividade das enzimas dessaturases na placenta evidenciou que a atividade dessas enzimas apresentou-se significativamente menor quando comparada às observadas nos fígados materno e fetal. Dessa forma, durante o período intrauterino, a placenta remove os ácidos araquidônico (AA) e docohexaenóico (DHA) de maneira seletiva e substancial através da mãe, enriquecendo a circulação do feto com estes ácidos graxos. A intensa captação e acumulação de DHA pelo feto implicam em uma considerável redução das reservas de DHA para a mãe. Por isso, a gestante deve suplementar sua dieta com este ácido graxo, especialmente em casos de pequeno intervalo entre estados consecutivos de gravidez ou no caso de partos múltiplos.
O cérebro e retina em desenvolvimento apresentam baixa concentração dos ácidos linoléico (LA) e α-linolênico (LNA), normalmente menor que 2% dos ácidos graxos totais, enquanto os ácidos araquidônico e docohexaenóico, que são obtidos a partir dos primeiros), apresentam-se maior concentração. Por outro lado, em outros tecidos, o percentual de ácido linoléico pode ser maior que 20% do total dos ácidos graxos.
Estudos relacionados à função dos ácidos graxos n-3, particularmente DHA, em ratos e macacos, mostram que a restrição dietética desses compostos, durante a gestação e a lactação interfere na a função visual normal e pode também afetar o processo de aprendizagem dos lactentes. Foi evidenciada, em prematuros, uma relação significativa entre os testes de inteligência e os níveis de DHA nos eritrócitos.
A deficiência dietética de ácidos graxos n-3 durante a gestação tem como conseqüência uma diminuição de DHA no organismo, e é seguida por um aumento compensatório na concentração do ácido docosapentaenóico em vários tecidos, o qual pode servir como indicador dessa deficiência. Assim, a incorporação de DHA nas membranas do cérebro e da retina diminui. Essa deficiência dietética DHA também pode ser verificada pelos exames de eletroretinograma.
Em estudos realizados em macacos alimentados com dieta restrita em ácido graxo n-3, cuja dieta foi suplementada com óleo de peixe, notou-se uma normalização dos níveis de DHA nos eritrócitos e nos tecidos da retina e do cérebro. Porém, o eletroretinograma permaneceu alterado. A partir desses estudos, podemos ver que a composição da retina e do cérebro é influenciada pela concentração de DHA dietético, e que a deficiência deste ácido graxo é acompanhada por alterações funcionais que podem ser irreversíveis.
Com isso, percebemos a importância de se assegurar quantidades suficientes de ácidos graxos poliinsaturados n-3 para gestantes, lactantes, crianças e prematuros.
Durante o último trimestre da gestação, o feto necessita mais dos ácidos graxos araquidônico e DHA, pois é preciso atender à síntese acelerada dos tecidos cerebrais. Para a obtenção desses ácidos graxos, o feto depende da transferência placentária, ou seja, do suprimento destes ácidos graxos pela mãe. Diferentes estudos apontam a dificuldade no estabelecimento da quantidade adequada de ácidos graxos poliinsaturados n-3 a ser ingerida pela mãe durante a gestação, devido à grande capacidade corporal materna de estocar esses ácidos graxos, assim como à capacidade de síntese de AA e DHA a partir do ácido α-linolênico. De qualquer maneira, o correto seria que a mãe ingerisse regularmente DHA, como peixes (de 2 a 3 vezes por semana durante a gestação).
As famílias de ácidos graxos (n-3), (n-6), (n-7), (n-9) competem entre si pelas vias metabólicas de alongamento e dessaturação, pois possuem os mesmos sistemas enzimáticos. Por isso, há necessidade de equilíbrio entre os integrantes das séries dos ácidos graxos essenciais, o que implica em uma relação entre ômega n-6 e ômega 3.
A lactação tem sido considerada uma etapa no período reprodutivo de grande demanda metabólica tecidual materna, aumentando as demandas de proteína e energia para a devida produção do leite, o que também é difícil nesse caso, pois, assim como na gestação, a mãe tem a capacidade de prover essas demandas pelos seus estoques e por síntese endógena. Pesquisas mostraram que a mulher lactante pode perder cerca de 70 a 80mg de DHA por dia no aleitamento, relacionado a perdas pelos processos oxidativos ou para adequação dos requerimentos maternos. Para alcançar balanço positivo de DHA na lactação, todos estes fatores devem ser considerados, juntamente com a amenorréia lactacional, fator poupador de DHA neste período.
Assim como para gestantes, é recomendado para lactantes o consumo de peixes para assegurar quantidade adequada de DHA . Se o consumo de alimentos marinhos não for possível, o óleo de soja e de canola são boas fontes do ácido α-linolênico, cujo uso deve ser estimulado. Para o lactente, o leite humano, que contém os ácidos eicosapentanóico, docosahexaenoóico e α-linolênico, ainda é considerado o alimento ideal para satisfazer suas necessidades de ácidos graxos poliinsaturados n-3 durante o período pós-natal.
Os níveis dos ácidos linoléico, gama-linolênico e DHA no leite estão diretamente relacionados com a quantidade destes ácidos graxos na dieta materna. A concentração desses ácidos graxos n-3 no leite é maior de acordo com sua quantidade na dieta materna.
Hoje em dia, há muitas controvérsias em relação à suplementação de ácidos graxos poliinsaturados na dieta dos recém-nascidos. Foi observado por alguns pesquisadores que não há variação nas funções neurais e visuais de crianças alimentadas com leite materno, enquanto que, as crianças alimentadas com fórmulas lácteas cuja fonte desses ácidos graxos é o óleo de milho, houve uma diminuição da função visual, mesmo quando suplementadas com AA e/ou DHA. Essa diminuição da função visual se deve à ingestão do ácido gama linolênico abaixo da recomendação preconizada. A substituição do óleo de milho pelo óleo de soja aperfeiçoou o perfil dos ácidos graxos n-3 nas fórmulas comerciais.
No entanto, outros estudos mostram que a suplementação de DHA em formulação infantil promove aumento na concentração de DHA no plasma e nos eritrócitos, além de melhorar a função visual e o desenvolvimento neuronal, o que levou à hipótese de que a suplementação de DHA, nas fórmulas lácteas poderia ser benéfica, particularmente para os prematuros. Estudos com prematuros recebendo suplementação com óleo de peixe mostram o efeito benéfico, porém provisório, na função visual, mas seguido de um efeito antagônico no crescimento e em alguns indicadores de desenvolvimento neuronal. Assim, supõe-se que a suplementação com óleo de peixe iniba a conversão do ácido linoléico para ou que o ácido eicosapentaenóico, presente em grande quantidade, possa competir com o ácido araquidônico na anexação dos fosfolipídeos das membranas teciduais e/ou na conversão para os eicosanóides. Por isso, é recomendado que as fórmulas sejam suplementadas tanto com DHA quanto com AA.
Pelas grandes controvérsias desses estudos, ainda há necessidade de outras pesquisas relacionadas aos requerimentos destes ácidos graxos poliinsaturados, para que a prática da suplementação possa ser devidamente recomendada. Muitas dessas controvérsias podem ser explicadas pelas diferenças entre as populações estudadas ou entre as metodologias aplicadas como a composição das formulações e nos tipos e nos tempos de suplementação de cada ácido . Enquanto esses dados em relação aos possíveis benefícios da suplementação de ácidos graxos poliinsaturados nos leites industrializados não estiverem disponíveis, é antecipada a recomendação desse leite atualmente disponibilizado no mercado para lactentes saudáveis que somente não utilizam o leite materno como fonte alimentar.
http://www.nutricaoedesenvolvimento.com.br/images/Mario%20et%20al%20CN166%20vers%C3%A3o%20final.pdf
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Importância da carne bovina na dieta
Essa “luta” contra alimentos de origem animal por médicos e nutricionistas intensificou-se a partir dos anos 1970, quando foi aceita a chamada hipótese lipídica, a qual indica que a gordura saturada aumenta o colesterol e que altos níveis de colesterol causam aterosclerose, o que leva a ocorrência de doenças cardiovasculares, reduzindo o tempo de vida das pessoas.
A associação da carne bovina com a hipótese lipídica foi feita devido ao fato de ela apresentar, em relação a outras carnes, maiores teores de gordura saturada. Esse alto teor de gordura saturada é conseqüência da hidrogenação de gorduras insaturadas no rúmen dos bovinos, o que leva a saturação dessas gorduras.
Existem paradoxos que nos permitem contestar essa hipótese lipídica. Primeiro porque, de 1970 até os dias de hoje a ingestão de gordura pelos americanos diminuiu de 40% para 34% das calorias ingeridas e o colesterol sérico diminuiu, mas a incidência de doenças cardiovasculares não. Além disso, a obesidade, que também predispõe à essas doenças aumentou, mesmo com a redução da gordura.
Dados coletados pelo Ministério de Agricultura dos EUA mostraram que o consumo de gordura de origem animal foi reduzido de 5,9 kg para 4,7 kg, redução essa compensada por um aumento de 18 kg para 26,3 kg de gordura vegetal. Tal resultado pode ajudar a explicar o aumento da obesidade ocorrido nos EUA.
Outros dados epidemiológicos mostraram que os franceses têm dietas ricas em gordura saturada, mas baixa incidência de doenças cardiovasculares. Foi mostrado também que países do Sul Europeu, apresentaram acentuada redução de morte por causa dessas doenças, mesmo com o aumento da ingestão de alimentos ricos em gordura saturada. Em relação aos japoneses, verificou-se um aumento extremo do consumo de carne e uma queda na mortalidade por doenças cardiovasculares. Tais dados evidenciam que o consumo de carne não é o problema.
Como foi citado anteriormente, a gordura animal vem sendo substituída por carboidratos e gordura vegetal. Alimentos de “baixo teor de gordura”, com excessão de frutas e verduras, normalmente possuem alto teor de carboidratos simples e amido. O fato é que dietas ricas em carboidratos elevam os níveis sangüíneos de triglicerídeos e do LDL (colesterol ruim), as lipoproteínas de baixa densidade; além de reduzir também o teor das lipoproteínas de alta densidade, HDL (colesterol bom).
Muitas pessoas crêem que dietas onívoras (sem restrições de alimentos) e dietas vegetarianas servem como “dieta controle” em comparação com as dietas que incluem carne, pois os vegetarianos, em geral, apresentam menores taxas de doenças cardiovasculares. As dietas vegetarianas possuem maiores ingestões de fibra e vitaminas B1, C, E, ácido fólico, beta caroteno e vitamina K . A partir da seleção de alimentos, é possível conciliar consumos elevados desses compostos, simultaneamente ao consumo de carne, e fazer então uma comparação adequada, na qual a carne é um fator a ser isolado. Além disso, o estilo de vida de vegetarianos é geralmente mais saudável, visto que, entre eles há um menor número de fumantes, o consumo de álcool é menor, a prática de atividade física é maior, entre outros. Associando-se isso a um maior consumo de antioxidantes e de fibras alimentares, podemos explicar, de certa forma, porque eles possuem uma menor incidência dessas doenças.
A ênfase para a redução da carne bovina na dieta pode causar efeitos prejudiciais na nutrição da população, devido ao fato de ela ser uma importante fonte de determinados nutrientes.
A carência de ferro, por exemplo, é uma deficiência nutricional que está fortemente ligada ao consumo de carne bovina, pois ela tem uma participação bastante expressiva no atendimento das demandas de ferro. Estudos mostraram que apenas cerca de 22% das pessoas que não ingerem carne conseguem atender em 100% as exigências de Fe, contra 45% que consomem cerca de 100 g de carne bovina por dia, resultados os quais são muito semelhantes no caso do zinco.
A carne bovina é também uma fonte de proteína e possui alta digestibilidade e alto valor biológico, o que permite que a composição em aminoácidos atenda muito proximamente as necessidades das dietas.
As vitaminas do complexo B, também têm a carne bovina como principal fonte. Em idosos, a capacidade de liberação da vitamina B12 da matriz protéica que ela está ligada é menor, porque a capacidade de produção de ácidos gástricos também é menor. Por isso na Austrália, é recomendado para idosos um maior consumo de alimentos ricos nessa vitamina, como é o caso da carne bovina.
Os alimentos vegetais que são utilizados como alternativa para carne são normalmente piores fontes de ferro e zinco, além de não conterem vitamina B12 e ácidos graxos de cadeia longa ômega-6.
Como recomendação de redução do consumo de carne bovina na dieta visa principalmente à redução dos níveis plasmáticos de gordura (triglicerídeos e colesterol) foram feitos estudos que mostraram que dietas para redução de lipídeos plasmáticos podem ser feitas com carne magra.
Na tabela abaixo podemos visualizar os resultados obtidos de outro estudo que compara uma dieta com carne vermelha versus com duas carnes brancas (frango e peixes) nos teores de lipídeos no sangue (mg/dL) no início (linha base) e após 9 meses.
A partir da tabela pode-se inferir que as dietas foram bastante equivalentes para a redução de colesterol e triglicérides.
Ácidos graxos devem ser avaliados individualmente
Não podemos fazer uma generalização em relação aos ácidos graxos. Primeiro porque nem todas as gorduras saturadas aumentam o colesterol. Segundo porque, individualmente, ácidos graxos podem causar efeitos metabólicos significativos e bem distintos, sendo que alguns deles, como os da série ômega-3 e os ácidos linoléicos conjugados (grupo de isômeros posicionais e geométricos do ômega-6), que também estão presentes na carne, geram benefícios à saúde humana e podem ter o consumo atual abaixo do ideal.
Os ácidos graxos trans são produzidos pela hidrogenação parcial de outras gorduras e estão relacionados com a maior incidência de cardiopatias, por aumentarem os níveis de LDL e diminuírem os de HDL. Um estudo feito relacionou o teor de ácidos graxos trans no tecido adiposo com infarto do miocárdio. No meio do experimento, os pesquisadores foram obrigados a usar margarina sem ácidos graxos trans, porque houve proibição no país do tipo normal de margarina. A margarina usada antes da proibição contribuía com aproximadamente 50% dos ácidos graxos trans da dieta e, após o uso de margarinas sem ácidos graxos trans, a diferença desses ácidos graxos no tecido adiposo deixou de existir. Esse experimento mostrou um problema maior em relação aos alimentos fontes de origem vegetal na dieta, pois durante todo esse tempo houve consumo de carne.
Os principais efeitos biológicos dos ácidos graxos ômega-3 são a menor predisposição para trombose e processos inflamatórios, enquanto os ácidos linoléicos conjugados (CLA) auxiliam na perda de peso, principalmente gordura, melhoram a calcificação óssea, diminuem o catabolismo imune e estão vinculados à ação anticancerígena. Os dois principais isômeros que fazem parte dos CLA são o cis-9, trans-11, e o trans-10, cis-12.
A partir dessas observações feitas, concluímos que a carne bovina é um alimento extremamente nutritivo, o qual possui elevada densidade energética e nutricional, o que facilita o balanceamento das dietas. Ela também melhora a absorção de minerais (Fe e Zn) e contribui com ácidos graxos essenciais e de ação metabólica (CLA e ômega-3). A restrição desse alimento nas dietas pode ser considerada para muitos uma perda na qualidade de vida, além de poder acarretar em problemas de saúde como anemia.