domingo, 12 de junho de 2011

Hipercolesterolemia

No Post de hoje irei falar sobre a Hipercolesterolemia, que se trata de uma forma de manifestação da dislipidemia que já foi falada no post anterior. É o aumento da concentração de LDL no sangue, fazendo com que a pessoa que possua essa desarrumação metabólica tenha o colesterol em níveis bastante elevados. A Hipercolesterolemia pode ser causada por maus hábitos alimentares com ingestão elevada de alimentos ricos em colesterol e uma rotina sedentária. Pode ocorrer também por uma predisposição genética que se trata de uma desordem autossômica dominante que produz a elevação do colesterol total e LDL.
A Hipercolesterolemia comum ocorre por motivos exógenos, isto é o individuo que possui uma dieta inadequada e que consuma alimentos ricos em gorduras trans e gorduras saturadas, tabagismo, sedentarismo e alcoolismo. Nesse caso para o individuo se tratar basta uma mudança de hábitos alimentares com ingestão de frutas, legumes e verduras além de alimentos ricos em fibras e o auxilio de exercícios físicos.
Porém, nem tudo é tão simples assim, pois além da hipercolesterolemia comum existe também a hipercolesterolemia familiar que nesse caso a formação, metabolização e "destruição" do colesterol pelo organismo são deficientes. Assim, mesmo que a pessoa seja atleta, com dieta adequada e sem outras doenças, ela pode ter níveis elevados de colesterol. Existe um defeito na capacidade das LDL se ligarem aos receptores, e não há inibição por “feed-back” da síntese de colesterol.
A Hipercolesterolemia familiar pode ser homozigótica aonde há a ausência total dos receptores de LDL ou heterozigótica aonde o individuo possui metade dos receptores de LDL. A HF homozigótica felizmente é mais rara, tem prevalência de 1 em 1 milhão de indivíduos e valores de LDL-Colesterol acima de 600 mg/dl, além da presença de aterosclerose precoce, com acometimento cardiovascular já na infância e na forma heterozigótica os níveis de LDL-colesterol plasmático se situam, geralmente entre 200 mg/dl e 400 mg/dl, esses desenvolvem comumente doenças cardíacas antes de atingirem a meia-idade.
O mecanismo da HF tem a absorção celular de LDL e IDL comprometidas e consequentemente o aumento da concentração plasmática dos dois. Quando o LDL se liga aos receptores de LDL na célula, a partícula de LDL é internalizada na célula por uma estrutura especializada chamada depressão revestida e dessa maneira o LDL se degrada em colesterol livre, que é um importante sinal regulador intracelular que resulta numa diminuição de ingestão celular do colesterol exógeno. Em heterozigotos que possuem função anormal dos receptores de LDL, o sinal para limitar a ingestão de colesterol exógeno ainda é recebido, mas apenas em altos níveis de LDL. O que acontece é que esses indivíduos possuem um mecanismo homeostático qualitativamente normal, mas que funciona apenas em altos níveis de LDL e colesterol, é por isso que a chance de ocorrerem outras doenças cardíacas é muito grande, a HF pode contribuir para a desfunção endotelial que é um passo importante para o processo de aterosclerose


Uma das formas de manifestação das hipercolesterolemias são os xantomas, formados em uma tentativa natural do organismo de se proteger contra o acúmulo de LDL, dessa forma os macrófagos fagocitam a gordura depositada nos tecidos. No entanto, os macrófagos não conseguem eliminar completamente os lipídios, como fazem com microrganismos, e se transformam em células cheias de gordura, que, por não terem para onde ir, se acumulam e  se infiltram sob a superfície da pele.



Para o Tratamento de HF além de restrições alimentares diminuindo o colesterol exógeno é necessário o uso de algumas armas químicas contra o colesterol como as estatinas, um exemplo é a Lovastatina que pode reduzir em até 50% os níveis de colesterol.(para entenderem melhor o mecanismo das estatinas deem uma olhada no post da mariana sobre estatinas)

Lovastatina

Ácido Nicotínico (Vitamina B3) também é bem vindo para o tratamento de hipercolesterolemia, pois ele é capaz de diminuir a concentração de VLDL, o que acaba por reduzir a concentração de LDL e aumentar a concentração de HDL. O uso de “seqüestradores” de ácido biliar é outra forma de tratamento bastante eficaz que são resinas de troca iônica. Como o colesterol é o precursor dos sais biliares e, quantitativamente, esta conversão é a mais importante via de excreção do colesterol nos mamíferos. Os sais biliares são sintetizados pelo fígado e secretados no duodeno, onde atuam como agentes emulsificantes dos lipídeos, importante para a absorção destes, mas também são essenciais para a solubilização do material lipídico hidrolisado (formação de micelas) crucial para a absorção. Um eficiente sistema de reciclagem desses sais propicia o seu retorno ao fígado (cerca de 95%). Essa reciclagem pode ser quebrada pela utilização dos “sequestradores”  (resina+ Cl-  a qual troca  Cl- por sais biliares-), colestiramina ou hidrocloreto de colestipol, e assim mais colesterol do fígado e das LDL é desviado para produzir um complexo resina-sal biliar não absorvivel que é facilmente eliminado nas fezes.
Na dieta é importante fazer misturas de fibras e proteínas, conduzindo o aumento do catabolismo do colesterol. O mecanismo dessa ação é que as fibras ligam-se aos ácidos biliares, levando assim a um aumento na degradação do colesterol e da excreção pela via dos ácidos biliares.
Dessa forma concluímos que, o uso combinado de uma dieta balanceada, e o auxilio de fármacos poderá resultar numa queda plasmática do colesterol de 50 a 60%, sendo q o individuo com hipercolesterolemia familiar deve ter um acompanhamento dietético desde a infância.

Pessoas com HF homozigótica têm sido tratadas com o transplante de fígado no sentido de mantê-las com uma fonte celular que contenha um gene funcional.
Referências:

Krause - Alimentos, Nutrição & Dietoterapia